Caminhante
A cafeteria estava relativamente cheia naquela manhã cinzenta. Fazia um friozinho suportável e todos estavam ávidos por uma bebida quente, não só para aquecer o corpo, mas os corações. Não era diferente com Regina. Ela era pessoa conhecida ali. Há anos frequentava assiduamente o espaço, sendo parte da própria história do lugar. Entrou sem cerimônia e sentou-se em uma das mesas. Ficou olhando vagamente pela janela a neblina suave que enchia a rua. - O que vai ser hoje, Dona Regina? - Deixa disso menina...É Regina, já falei. A atendente sorriu sem responder. - Me traga um café puro, sem açúcar. O de sempre. - Ok. Algo pra comer? - Não, não. Obrigada. A moça foi ao balcão confirmar o pedido enquanto Regina voltou a contemplar o tempo pela janela. Olhou suas mãos e suas unhas, sempre mal cuidadas. Viu os sinais do tempo lhe lembrando do tanto que já tinha passado por ali. Sorriu amargamente com o canto da boca. O cheiro do café misturado ao cheiro doce das guloseimas era muito agr...